Jovem cria canal no Youtube para contar histórias de heróis negros
brasileiros
Pedro Henrique tem 13 anos e vive na Zona Leste de São Paulo
Machado de Assis, Zumbi dos Palmares, Besouro do Mangangá. Cada dia de
pesquisa sobre heróis negros do passado representa uma nova descoberta para o
estudante Pedro Henrique Côrtes, de 13 anos. Morador da Zona Leste de São
Paulo, o rapaz, negro, decidiu criar um canal no Youtube para compartilhar com
outras pessoas a história e as lutas desses homens - que, para ele, não têm
tanto destaque quanto deveriam.
A ideia do projeto “Meus heróis negros brasileiros” surgiu após Pedro
Henrique assistir à peça “O topo da montanha”, com Lázaro Ramos e Taís Araújo,
em outubro.
— Ele me pediu de Dia das Crianças um ingresso para a peça. Era o mais
jovem da plateia. Foi muito emocionante. Saiu de lá transformado, e me pediu no
dia seguinte as biografias de Malcolm X, Martin Luther King e Nelson Mandela.
Falei que conseguiria, mas lembrei a ele que, aqui no Brasil, também temos
muitos heróis. Meu filho começou a fazer pesquisas na internet e, então, teve a
ideia de fazer vídeos sobre esses homens — conta a mãe do jovem, a turismóloga
Egnalda Côrtes.
A mãe de Pedro Henrique, Egnalda, ajuda o rapaz nas pesquisas sobre os
personagens A mãe de Pedro Henrique, Egnalda, ajuda o rapaz nas pesquisas sobre
os personagens Foto: Arquivo Pessoal / Divulgação
O primeiro vídeo da série, sobre Zumbi dos Palmares, foi publicado no
dia 23 de novembro. O segundo, sobre Machado de Assis, em 12 de dezembro. O
número de visualizações tem crescido a cada dia - nesta terça-feira, o canal já
estava perto de alcançar 2.500 inscrições. Antes de começar o projeto, Pedro
Henrique chegou a fazer outros vídeos, abordando temas como preconceito e
homossexualidade.
As pesquisas sobre os personagens são feitas com a ajuda da mãe, que
fica encarregada de fazer um resumo sobre os heróis. O roteiro fica todo por
conta do rapaz, estudante do 8° ano do ensino fundamental, que adapta as
histórias a uma linguagem voltada para o público jovem.
— Quero que outros jovens negros, assim como eu, se inspirem nesses
heróis. É muito legal se inspirar em alguém parecido com você. Fala-se muito
sobre heróis europeus, bandeirantes, mas quase nada sobre os negros — conta o
rapaz, adiantando outros vídeos que vêm por aí: — Vou contar a história de Luiz
Gama, muito pedida pelos seguidores, Francisco José do Nascimento, Cruz e
Souza, Besouro de Mangangá e Chico Rei, além de falar sobre heroínas negras
brasileiras.
Para Egnalda, que é apaixonada por História, a iniciativa do filho é
motivo de orgulho à família.
— A ideia é fantástica. Acho que todos os jovens precisam de
referências. Vivemos em uma sociedade em que elas são normalmente europeias,
brancas. A importância do canal é, ao contar a trajetória de superação desses
heróis negros, inspirar os jovens e mostrar que podem ser o que quiserem. É uma
grande oportunidade de mudar a história, tornando-os protagonistas, e não coadjuvantes
— defende a turismóloga.
ZUMBI
JOÃO CANDIDO
LUIZ GAMA
DANDARA